terça-feira, 17 de maio de 2011


Mídia: Fonte de conhecimento ou ferramenta de alienação?

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O que vemos na sociedade atual são pessoas totalmente influenciadas pela ditadura da mídia,  no jornalismo isto é denominado como agenda setting. 
Não é raro entrar no ônibus na manhã de segunda feira e ouvir vários comentários sobre a matéria exibida no “Fantástico”, menos raro ainda é entrar no elevador e deparar-se com uma conversa detalhada sobre o capitulo da novela das oito. Até aí, nenhum problema, afinal, nós meros mortais, precisamos de informação e entretenimento para tornar os nossos dias mais coloridos.
O espantoso é descobrir a forte influência que a mídia exerce no comportamento da maioria das pessoas, outro dia, eu mesmo, pensei que estivesse fazendo parte de alguma daquelas pegadinhas exibidas por algum programa de humor. Combinei de encontrar-me com uma amiga para ir a uma entrevista de emprego. Chegando no local combinado, levei um susto, em plena manhã de terça feira, as seis horas da manhã, deparei-me com uma moça com vestido vermelho, curto e decotado, além disso ela usava uma maquiagem digna de qualquer festa de  lançamento da revista Playboy. Susto maior ainda eu levei ao constatar que sim, aquele ser sem noção era a amiga que me esperava para ir à entrevista. Eu, que não tenho muitas papas na língua logo perguntei: Jack, onde você pensa que vai assim? Ela, contente com o titulo de perua que ostenta me responde sem o mínimo pudor: “Com a Monnamour funciona, comigo vai ter que funcionar também”. Ao dizer isso, referia-se a personagem Natalie Lamour, ex- participante de um reality show que faz de tudo para aparecer na mídia, interpretada por Débora Secco na novela Insensato Coração.  

Exemplos como este, nos fazem perceber o quanto as pessoas têm deixado a individualidade para seguir padrões de comportamento ditados pela mídia. E já que chegamos até aqui, por que não falar da patética ditadura da moda, que além de classificar o que uma pessoa é ou deixa de ser, apenas pela vestimenta, também dita os tão sonhados padrões de beleza que apenas uma minoria possui, padrões estes, que são constantemente divulgados pela mídia e que influenciam milhares de pessoas em busca da aparência perfeita. E quando paro pra pensar sobre o motivo pelo qual as pessoas martirizam-se tanto em busca destes padrões, encontro um fato mais curioso ainda, algo que Focault já denominava como “sistema de vigilância”. Trata-se do fato de o individuo estar tão cauterizado com os padrões sugeridos pela mídia, que ele mesmo, se policia para tentar alcançá-los, num exemplo prático, chega  a hora em que a pessoa que se considera gorda, já não o faz de acordo com o que ela própria vê no espelho, mas sim de acordo com o que ela ouve ou lê nos meios de comunicação, e o fato é que não existe ninguém a obrigando á seguir as recomendações, mas para não ser considerada “diferente”, ela tende a seguir aquele padrão como um ideal, e aí se caracteriza o que Focault chamava de “poder disciplinar”.

Assim, temos uma sociedade sem idéias próprias e que se espelha em exemplos não tão dignos de ocupar posição de destaque. Está na hora de aprendermos a fazer essa seleção, sobre o que merece ou não ser seguido. Todos os meios de comunicação tem o  direito de expor o que classificarem como interessante, porém nós, como sociedade, temos o dever de passar o pente fino e escolher com consciência o que é ou não relevante para nossas vidas. Se continuarmos muito tempo ainda sem fazê-lo, o resultado será a contribuição para um futuro de pessoas vazias e distanciadas de qualquer noção de realidade.

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